Onde foi que você se perdeu de si mesmo?
Quem é você? Não me refiro ao seu nome, a sua história de vida, a sua profissão. Quem é você de fato? Essa é uma pergunta poderosa, capaz de abrir caminhos para a autorrealização e a resposta para ela só pode ser encontrada internamente. Mas por que será que é tão difícil acessá-la?
Diria que, basicamente, nos perdemos de nossa essência ainda crianças. Nesse processo, passamos a acreditar ser uma série de personagens que aparecem repetidamente nas histórias que nossas mentes nos contam. E assim, pouco a pouco, nos esquecemos de quem somos de fato.
Os personagens vão sendo criados em casa, com os amigos, na tentativa de se adequar à realidade externa. Imaginemos uma situação hipotética de um bebê que ao chorar no berço não é atendido por sua mãe. Ela acredita que se for acolhê-lo ele ficará mimado. O bebê compreende institivamente que não pode chorar para ter suas necessidades atendidas. Ao crescer, essa pessoa terá dificuldades de se expressar. Possivelmente usará a personagem de pessoa racional, que controla os sentimentos e sabe lidar bem com os desafios da vida.
Outra situação: a criança que tem muita energia e vive fazendo bagunça. O pai gosta de silêncio e vive a repreendendo. Ela, por sua vez, compreende que se for espontânea, afastará o amor do pai. Para que isso não aconteça, cria a personagem da criança comportada, e sufoca dentro de si toda aquela alegria e vontade de viver.
Essa construção tem uma série de fases. Por um tempo, a criança ainda está em contato com sua essência, então consegue por e tirar a máscara quando é conveniente. Às vezes, com os amigos, ela pode ser espontânea, mas quando chega em casa precisa voltar para o personagem. Em dado momento, porém, acontece uma cisão com a essência e ela passa a acreditar ser a máscara.
Esse rompimento com a essência parece simples, mas é permeado por sentimentos aniquiladores. A criança sente que perdeu o chão, não sabe para onde ir. Ela deixa de confiar em si mesma e nos outros. O medo se instala em seu sistema abrindo portas para verdadeiros infernos – o medo de não ser aceito, de errar, de não ter as expectativas atendidas, de não ser correspondido, entre tantos outros.
Junto com a máscara, chegam sentimentos profundos de ansiedade, frustração e desencaixe, sintomas perturbadores que funcionam como lembretes de que estamos presos nessa atuação, muito longe de quem somos. E para acessarmos nossa verdade maior temos que aprender a nos auto-observar, a nos separarmos de nossa mente e enxergarmos o que é falso em nós mesmos. Temos que ter coragem de penetrar os sentimentos aniquiladores que nos fizeram romper com nossa essência.
Por isso pergunto:quem é você?quem é você que usa essas máscaras?quem em você precisa tanto ser aceito?
Saiba que seus personagens não são reais e seguem scripts completamente limitados, que podem fazer certas coisas e outras não. Você, entretanto, é muito maior do que isso, seu brilho e glória são infinitos. Essa energia precisa se emancipar e isso acontece na medida em que resgata a sua inocência, sua espontaneidade.
Que tenhamos a disposição para ir além da máscara e encontrar o Eu maior em cada um de nós.
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