Por que a comida afeta seu estado de consciência
Costumo dizer que a alimentação pode ser uma escada para você subir ou descer. Ela é o impulso que faz seu corpo se movimentar e se o combustível for inadequado, o corpo não vai funcionar bem. O bom alimento tem o poder de manter o corpo são em todos os sentidos, seja evitando doenças ou auxiliando a encontrar o silêncio em uma meditação.
Mas o que é o bom alimento? Outro dia fiz um exame alergênico detalhado que apontou que eu estava intolerante a abobrinha. Até sentia um desconforto ao comê-la, mas como é rica em nutrientes e tão saudável, nunca imaginei que pudesse estar me fazendo mal. Se nosso corpo pode ser intolerante a uma abobrinha, o que dizer dos alimentos enlatados, industrializados, cheios de pesticidas e tantas outras substâncias tóxicas que ingerimos diariamente?
A comida pode ser seu melhor remédio, mas também seu maior veneno. O que leva você a comer algo que lhe faz mal? Muitas vezes, não há nem consciência de que aquela comida não vai lhe cair bem. E nas outras tantas vezes em que já sabe que a escolha vai contra sua própria saúde, seu bem-estar? Quem em você escolhe o que está ingerindo?
Tenho dito que a vida parece girar em torno de sexo, poder e comida. Essas são nossas ferramentas de desenvolvimento nesse plano, necessidades legítimas, que distorcemos e transformamos em amortecedores. Desenvolvemos uma sincera compulsão por obtê-los e assim cessar – mesmo que por instantes – nossa angústia existencial. Percebo que de todas as compulsões, a mais poderosa no sentido de rebaixar a consciência, é a alimentação.
A distorção acontece quando o eu inferior se apropria da experiência, quando o medo e o ódio se apropriam desses instrumentos. A compulsão está sempre relacionada com a energia sexual, mesmo que não se manifeste claramente como conteúdo sexual. Mesmo que você ainda não possa perceber essa relação, o fato é que há sentimentos profundos guardados em seu porão e que ainda não consegue ver ou sentir porque está constantemente se anestesiando.
No caso da alimentação, a compulsão se dá como uma voracidade, uma necessidade extrema de colocar tudo para dentro e anestesiar a dor de não saber quem é. A gula pode se manifestar não apenas como uma compulsão por comida, mas também pela fala, consumo, drogas, leitura, televisão, pornografia… A verdade é que a pessoa quer devorar o mundo de alguma forma.
Para elaborar e liberar esses sentimentos suprimidos é preciso coragem e autoinvestigação. Entretanto, mesmo após fazer esse mergulho, por conta de ter servido a essa gula por tanto tempo, será necessário usar da sua vontade consciente para impedir que o antigo hábito, já instalado como uma rede neural em seu córtex, continue prevalecendo.
De tempos em tempos, quando entrar em turbulência e sua consciência se rebaixar, você segura firme e aguenta uma crisezinha de abstinência que costuma durar no máximo três dias. Você diz: "Chega! Eu não vou mais dar comida para esse viciado dentro de mim". Aqueles que não se enxergam nessa compulsão, podem só questionar com mais afinco a qualidade dos alimentos que consomem e criar novas realidades para a própria vida, fazendo mudanças que já podem ser feitas em relação a isso.
Que possamos estar presentes e atentos na hora de escolher o que vamos consumir. Que possamos dizer não para o veneno que nos acostumamos a beber.
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