Como traumas da primeira infância impactam a vida adulta
A personalidade humana tem a sua fundação formada nos sete primeiros anos de vida, o que inclui o período de gestação. As impressões construídas nessa fase ficam registradas em níveis físicos e sutis e determinam nosso comportamento ao longo da vida. Normalmente, é nessa fase que esquecemos o que viemos fazer no mundo e nos desviamos do caminho do coração. Somos ensinados a usar máscaras para sermos aceitos e levados a acreditar que a felicidade está lá fora e que pode ser comprada.
Nessa etapa a criança é pura sensibilidade. Ela nasce amando e confiando, mas também dependendo dos outros para sobreviver –e é justamente nessas interações que os primeiros traumas se estabelecem. As interações com os outros e com o mundo criam impressões que ficam registradas na alma. Porém, como a visão da criança é generalizada, os efeitos dessas passagens são um tanto devastadores.
Vamos supor que um bebê está com fome e por isso, chora. A mãe, por sua vez, acredita que se atender ao choro do bebê irá mimá-lo, e o ignora. Ele, então, de maneira intuitiva e visando a própria sobrevivência, compreende pela repetição que ao chorar não será atendido e encontra outra estratégia para conseguir alimento –agradar a mãe com um comportamento adequado ao que ela espera dele. Então, quando adulto, se depara com severas dificuldades ao se relacionar, já que não consegue acessar e nem expressar seus sentimentos.
A mecânica humana durante a primeira infância faz com que congelemos situações de dores em nossa alma para seguir adiante. Com isso, passamos a agir de uma forma antinatural, fingindo ser quem não somos e sentindo o que não sentimos, até que nos esqueçamos de vez da nossa essência. Porém, como dores congeladas são dores a serem curadas, reeditamos situações de sofrimento para nos lembrarmos dessas pendências não resolvidas. No exemplo que citei, esse "lembrete" vem à tona quando a pessoa nota sua inabilidade em se relacionar e a frustração que isso lhe causa.
A única forma de fazer com que nossa vida adulta deixe de ser impactada por traumas da infância é justamente ir atrás dessas imagens e dores congeladas. E como se faz isso? Estudando a si mesmo. Observando seus padrões destrutivos e identificando um denominador comum relacionado a essas feridas. Tente entender que onde as coisas não vão bem na sua vida hoje existe um trauma infantil, uma imagem congelada a ser elaborada. Eu citei um exemplo, mas as possibilidades são infinitas.
Essas imagens sustentam crenças a respeito da vida. Não é só o sentimento que está congelado, os conceitos também estão. Você se torna uma pessoa condicionada, que só consegue enxergar a vida de uma maneira específica, através de uma lente colorida que não lhe deixa ver a realidade.
Qual realidade? De que você não é uma criança carente no corpo de um adulto, mas sim a fonte de todo amor. A realidade de que você é o único responsável por toda miséria manifestada em sua vida, e não uma vítima indefesa dos acontecimentos. A realidade de que para sair do buraco onde se enfiou, vai precisar ter disposição para reconhecer sua incapacidade de amar e mover-se em direção à cura. A realidade de que a negação dessa maldade que carrega é o maior veneno que se pode tomar no mundo.
Que possamos despertar desse sonho ruim. Que possamos retirar as lentes que não nos deixam ver nossa responsabilidade em tanto sofrimento que criamos para nós mesmos.
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